30.8.05

Educação através do esporte



A Libbra, a Liga Brasileira de Basquete de Rua, é um dos projetos da Cufa. O Ação foi conferir como funciona esse trabalho.
"Aí Cumpadi, já começou a gravar. Tá tranqüilo, tô mandando no improviso. É isso aí, vem fechando mais comigo. Na improvisação, direto para o Ação", improvisa o rapper Tonny.
Na Cidade de Deus, a música que brota da criatividade é a trilha sonora da transformação.
"A Cufa não está fazendo nada mais do que levando todas as suas oficinas a algumas favelas do dRio de Janeiro e em outros lugares do Brasil também, pra poder levar uma cultura de rua pras crianças, pra poder transformar o bolo que está aqui hoje num bolo que vai predominar no Brasil inteiro", conta o rapper, que também dá aula na oficina de basquete do projeto.
O clima é de festa, de união, e convida crianças e adolescentes a desenvolverem uma linguagem própria. "Todo mundo improvisando, rap improvisado. Gira, gira, B-boy. Vamos fazer barulho aê, CDD, vamos fazer barulho aê, CDD. DJ Dantas, Marcelo Dantas. É rap contra a ignorância", eles cantam no meio da rua.
“O break significa pra mim tipo uma razão de viver. Foi um jeito de eu sair das ruas, porque eu ficava muito nas ruas", conta o aluno Flávio Costa.
“Está trazendo uma chance das crianças aprenderem uma dança, uma cultura, que o hip hop e o break é uma cultura, que vem passando de geração em geração", continua ele.
“A favela está aí, é somar, é só todo mundo acreditar, correr atrás do seu objetivo, que chega lá. Tem oficina de teatro, de informática, de grafite, de break. É só você correr atrás mesmo e estudar que você chega lá", diz o rapper MV Hemp.
"O grafite está tentando mostrar pras crianças que a gente tem um lugar na sociedade. A gente não pode ficar fazendo parte dessa maioria que está sendo excluída", afirma o professor de grafite Vinícius Teixeira.
Nas oficinas da Cufa, o importante é dar acesso aos meios de produção e mostrar ao jovem que ele é um criador.
"Parece que a gente é levado a fazer apenas uma coisa, a dançar apenas samba, a jogar apenas futebol. Parece que a nossa cultura do gueto é totalmente limitada", lembra o rapper Tonny.
"Eu deixo eles criarem à vontade. Eles falam muito sobre as coisas que acontecem dentro da casa deles. As brigas com os pais, as coisas boas que acontecem nas escolas", conta a professora de teatro, Rafaela Bahia.
O basquete é mais um elemento do hip hop nessa festa. Os talentos da favela vão sendo lapidados no arremesso para a cesta, no drible de bola. O rapper vira professor e a habilidade e o improviso são fonte de inspiração. "Eu penso em jogar que nem o Tonny", diz um dos alunos.
"O modo de jogar, as cestas, os dribles", almeja outro.
"Acho que ninguém tem o direito de interferir no sonho de uma criança. Acho que todo mundo é livre pra sonhar o que quer e fazer o que quer", conclui o professor.

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