6.1.09

projetos
Cufa MT traça planejamento estratégico para 2009
Além do trabalho social com o Hip Hop, a Central apresenta dois novos projetos.

Por Jonas Balduino




No ultimo final de semana, os membros da Cufa em Cuiabá fizeram uma reunião para traçar o planejamento estratégico de 2009 e como cada núcleo deverá se organizar para o pleno desenvolvimento dos projetos. A Cufa se organiza com um novo quadro, e integra mais um núcleo de trabalho, que é o Núcleo de Empreendedorismo Solidário, responsável pela Sericufa, coordenado por Nelson Júnior.

O Consciência Hip Hop (oficinas e Festival) continua como um dos projetos de maior investimento, que nesse ano, serão aplicados em especial na formação de novos quadros. Já a etapa Mato-grossense da LIBBRA - Liga Brasileira de Basquete de Rua, está planejada para acontecer no mês de Maio, envolvendo outros municípios do Estado com a circulação de times. O campeonato terá como premiação o passaporte para a participação da etapa Nacional da Libbra no Rio de Janeiro, alem de brindes e troféu.

Novos Projetos:


SERICUFA é uma ação de inclusão social, educação popular e geração de emprego e renda para jovens moradores do Bairro Alvorada (Cuiabá) cujo objetivo é produzir e formar um núcleo de produção em estamparia, objetivando a formação de um modelo econômico de produção e gestão nos preceitos da ECONOMIA SOLIDÁRIA. Diferencia-se dos outros núcleos da Cufa pelo seu próprio modelo de gestão. Além disso, o projeto proporciona aproximação ainda mais forte com a comunidade no sentido do trabalho coletivo.

Além da SERICUFA, a Cufa também trabalhará o projeto PIXAIM, que é um projeto de estímulo da auto estima de mulheres e jovens quilombolas do Estado e também de geração de emprego e renda através de oficinas de trança afro e palestras sobre empreendedorismo. Outro ponto do projeto são as oficinas de comunicação, na qual os jovens quilombolas registrarão toda a intervenção na comunidade.

Não menos importante, a Cufa ainda desenvolverá atividades relacionas a linha de ação política Hip Hop Fora do Eixo, a qual produzirá grupos de rap em Cuiabá, com o objetivo maior de movimentar e qualificar a cena em Mato Grosso.
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Generô
Núcleo de Mulheres da Cufa se posiciona sobre a CPI do Aborto

O Maria Maria considera o aborto como uma questão de saúde publica, e não policial

Por Fernanda Quevedo






Investigar a venda ilegal de remédios abortivos e desmantelar, com força policial, rede de clínicas de aborto clandestino são os objetivos da Comissão Parlamentar de Inquérito do Aborto. O Núcleo de Mulheres da Cufa, Maria Maria, criado em 2007 com o objetivo de discutir e propor políticas afirmativas para as mulheres em espaços políticos de decisão, se posiciona contraria a instauração da CPI, que para ser efetivada, necessita de 180 assinaturas de parlamentares.

A questão foi discutida durante todo o mês de dezembro pela Cufa, e o posicionamento, manifestado em uma carta a ser entregue aos Deputados Federais dos Estados onde a Central se encontra, dá-se pelo fato de considerar o aborto uma das faces da Questão Social no Brasil, a qual tem caráter de saúde publica, e não policial, como consideram alguns parlamentares.
A carta que foi tecidas a várias mãos, inclusive masculinas, foi disponibilizada hoje na rede on line de trabalhos da Cufa. Confira o posicionamento do Núcleo Maria Maria:


A CENTRAL UNICA DAS FAVELAS/ NUCLEO MARIA, MARIA SE POSICIONA CONTRA A CONSTITUIÇÃO DA CPI DO ABORTO.

O aborto inseguro é uma das faces da dura realidade vivenciada pelas mulheres brasileiras. A cada ano, um incontável número de mulheres, em sua maioria, negras, pobres e moradoras de favelas, morre em decorrência de aborto praticado em condições desumanas. Setores do Estado vêm transformando em caso de polícia uma problemática de saúde pública que se constitui, ao longo da história, uma grave expressão da questão social no país.

Segundo dados da Articulação de Mulheres Brasileira – AMB, no Mato Grosso do Sul, cerca de 10 mil mulheres suspeitas de praticar aborto serão interrogadas pela Polícia Civil por determinação da Justiça. Sobre essa questão é importante alertar que "tanto faz o aborto ser ou não provocado, ao chegar a um serviço de emergência obstétrica com abortamento em curso ou com complicações decorrentes do aborto, as mulheres são tratadas como criminosas"[1].

Na realidade, essa posição tornar um problema de saúde alvo de ação policial, que será levada ao extremo, com a criação da chamada "CPI do Aborto", cuja articulação para a instalação está em curso no Congresso Nacional.

A Central Única das Favelas – CUFA coloca-se totalmente contraria à criação da CPI, que em nossa opinião servirá unicamente para penalizar, CRIMINALIZAR as mulheres e JOVENS EM SUA MAIORIA negras e pobres desse país, que sem acesso ao trabalho, à saúde, à educação e à justiça são muitas vezes levadas a recorrer ao aborto de forma insegura.

Essa problemática, precisa ser debatida com os diferentes setores da sociedade na perspectiva de apontarmos saídas realmente efetivas para a redução da mortalidade de nossas meninas, pois a falta de alternativas continuará levando mulheres a recorrer ao aborto, independente do que as instituições pensem sobre isso. A história reclama do Estado brasileiro, novas formas de tratar os problemas sociais que superem essa dimensão de reduzi-las a caso de polícia, a tornar problemas sociais em ações de âmbito privado e individual.

É preciso considerar que a problemática do aborto é ponto de convergência entras as desigualdades de gênero, raça e classe dimensões estruturais da formação da sociedade brasileira, superá-las é um desafio de todas e todos que têm compromisso com a construção de um mundo mais digno, justo, fraterno e solidário.
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[1] Rede Feminista de Saúde. Dossiê Aborto: Mortes Preveníveis e Evitáveis: dossiê. Belo Horizonte: Rede Feminista de Saúde, 2005, 48p.



Expediente
Reportagem: Jonas Balduino e Fernanda Quevêdo
Edição: Fernanda Quevedo
Favela Comunicação

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